TECNOLOGIA MILITAR 4/2019

3 Tecnologia Militar · TECMIL · N° 4/2019 Editorial – Victor M.S. Barreira Victor M.S. Barreira El autor es corresponsal de Tecnología Militar en Portugal. Portugal está sujeito, no contexto interna- cional atual, a um conjunto diversificado de ameaças e riscos, de natureza diversa, no mar, em terra, no ar e no ciberespaço. Para realizar todas as missões a que as Forças Armadas Portuguesas são chamadas a desempenhar tanto no território nacional como em missões e operações internacionais no âmbito da NATO e das Nações Unidas, são necessários recursos humanos bem treinados e materiais modernos. É conhecida a dificuldade das forças arma- das em atrair candidatos para as suas fileiras, principalmente aqueles destinados a servirem na categoria de praças e sobretudo conseguir manter esses mesmos militares por um perío- do longo de acordo com a lei do serviço militar vigente. Algumas medidas para amenizar esta situação foram anunciadas pelo Ministério da Defesa Nacional. Com a Lei de Programação Militar 2015- 2026, as autoridades Portuguesas iniciaram um importante processo de modernização dos meios materiais das Forças Armadas Portugue- sas. Alguns esforços foram realizados no período anterior a 2015, principalmente com a aquisição de viaturas blindadas de rodas M1165A1 W/ B3, M1152A1 W/B2, M1151A1 W/B1 e Pandur II, carros de combate Leopard 2A6, submarinos 209PN, fragatas Tipo M, navios patrulha, ae- ronaves C-295M e helicópteros EH-101 Merlin e a modernização de viaturas protegidas 4x4 M1025A2. Com a anterior Lei de Programação Militar foram implementados diversos projetos de mo- dernização. Nesse âmbito e para citar alguns exemplos significativos, foram iniciados pro- gramas para a aquisição de armamento ligeiro, helicópteros ligeiros, aeronaves de transporte, viaturas blindadas 4x4, meios de comando e controlo, navios de patrulha e a modernização de viaturas blindadas, caças e navios, sem es- quecer o aumento das capacidades das forças especiais nos três ramos, e especificamente nas forças de operações especiais. O investi- mento em novas capacidades como a ciber- defesa, defesa QBRNe, inteligência artificial e sistemas não tripulados não foi esquecido. A nova Lei de Programação Militar aprova- da em Maio de 2019 e que vigorará até 2030 contribuirá para prosseguir com esse processo de modernização. Está prevista a aquisição de viaturas blindadas 4x4 JLTV, tecnologias ISTAR e C4I, sistemas anticarro e de defesa antiaérea, equipamentos C-IED, navios patrulha, navios de apoio e helicópteros e modernização de viatu- ras blindadas. Mas as Forças Armadas Portuguesas não são apenas forças militares que executam as tarefas habituais do dia-a-dia na caserna, no navio ou base aérea, treina as suas capacida- des, participa em exercícios internacionais, integra operações internacionais no mar, no ar ou em terra ou é projetada para qualquer nação em crise no âmbito de organizações internacio- nais. Cada vez mais os ramos são chamados para desempenhar tarefas não bélicas em prol do bem-estar nacional como a participação na prevenção e combate a incêndios florestais, resgate e salvamento no mar e em situações de cheias, transporte de órgãos humanos, eva- cuação médica, apoio logístico a entidades pú- blicas e privadas, consultas médicas, isto ape- nas para citar alguns exemplos. As forças armadas implementaram nos úl- timos anos, e em várias frentes, uma política de maior aproximação à sociedade civil, num exercício de transparência, e em simultâneo para transmitir uma imagem positiva das orga- nizações militares. Alguns acontecimentos vieram de certa for- ma manchar a imagem das forças armadas nos últimos anos, principalmente alguns casos as- sociados a corrupção, roubo de armamento em instalações militares, o falecimento de militares durante ações de treino ou até casos de abuso de poder. Portugal contribui com contingentes signifi- cativos na Afeganistão, Iraque e República Cen- tro Africana e forças menos expressivas quan- titativamente em outros países, em missões de apoio à implementação da paz, apoio humani- tário e treino de forças locais. Participa regular- mente em operações e exercícios da NATO e da União Europeia com recursos terrestres, navios e aeronaves. A cooperação técnico-militar com países de língua oficial portuguesa é também relevante para o país. A indústria de defesa é pouco expressiva em Portugal, mas algumas empresas com pro- dução militar significativa, a maioria delas con- troladas por empresas estrangeiras subsistem. A EID, EDISOFT, Critical Software e OGMA -Indústria Aeronáutica de Portugal são alguns dos poucos atores com alguma relevância no setor. Algumas empresas e entidades desen- volvem projetos com aplicação militar em para- lelo com as suas atividades civis, contribuindo com isso para desenvolver a Base Tecnológica e Industrial de Defesa (BTID) nacional, prin- cipalmente através de programas iniciados nas forças armadas. O programa Sistemas de Combate do Soldado (SCS) do exército é um perfeito exemplo já que diversas empresas do ramo têxtil e organizações públicas de I&D+i desenvolveram itens de emprego individual para equipar forças apeadas. O Ministério da Defesa Nacional através da idD-Plataforma das Indústrias de Defesa apos- tou em promover a indústria de defesa fora de Portugal, com o objetivo de motivar o aumento das exportações das em- presas portuguesas que atuam no mercado da economia de defesa. L Portugal Especial (Foto: Victor M.S. Barreira) Portugal e as suas forças armadas

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